Comunicar é dividir algo em comum. Aqui vamos apontar tendências e o que vem seduzido o mundo.
Em propaganda, publicidade, marketing e coolhunting.

Você sabe o que pensa Octávio Florisbal?

Diretor geral da Globo fala sobre a força dos mercados regionais e planos de incentivo, entre outros temas, em evento do Grupo de Mídia do Rio.

Profissionais do mercado ávidos para ouvir Octávio Florisbal, diretor geral da Rede Globo, estiveram na manhã desta quinta-feira, 22, no Mix de Mídia, primeiro evento promovido pelo Grupo de Mídia do Rio de Janeiro na gestão de Fátima Rendeiro, presidente recém-empossada da entidade. Todos queriam saber o que pensa um dos nomes mais queridos do mercado, que comanda a maior emissora do país até o ultimo dia deste ano, quando deixa o cargo. Em seu lugar assumirá Carlos Henrique Schroeder, hoje a frente da direção de jornalismo e esportes. Confira abaixo o que Florisbal disse sobre assuntos determinantes para o mercado da comunicação nacional:

Novas telas
“As novas telas, os novos devices, trazem o prazer revigorado de ver TV. Havia uma crença de que o conteúdo amador iria sobrepor o profissional, mas isto não aconteceu. O consumo de vídeo na internet está crescendo de forma exponencial e os conteúdos profissionais são os mais consumidos. Eles tem feito com que a TV aberta volte a ocupar um espaço importante no conteúdo midiático. Ela está nos jornais com as colunas de TV, na internet, nas revistas. Reverbera nestas outras plataformas respeitando cada uma delas.â€

Profusão de informações
“Alguns filósofos dizem que hoje é necessário um porto seguro, um sentimento de pertencimento. E um meio de comunicação que é um ponto de encontro mais abrangente é a TV aberta, no mundo todo. É o ponto de agregação social onde há certo pertencimento, dá certa segurança de previsibilidade.â€

Programação linear
“Diziam que a programação linear perderia espaço para o on demand. Mas o último painel de três telas do Nielsen aponta que das 150 horas de TV vistas por mês, 135 são real time. A programação linear continua líder.â€

Conteúdo
“Estamos começando a ter programação on demand no Brasil. Mas no aparelho de TV que no futuro terá outro nome e permitirá que todas as mídias digitais estejam ali, o melhor conteúdo irá prevalecer. Acredito modestamente que a TV, aberta e fechada, ocupará esta posição.â€

Investimento publicitário
“Com o crescimento do consumo de TV, a TV aberta tem crescido a sua participação em investimento publicitário. Segundo dados do Zenit, este número era 37% há cinco anos e a previsão é que este ano deva fechar em 42%.â€

Planos da TV Digital
“No Brasil há um grande potencial de crescimento do sistema digital. Hoje 50% dos municípios com TV captam este sinal. Nossa meta é que até a Copa de 2014 todas as cidades acima de 50 mil 
habitantes tenham sinal digital da Globo.â€

Poder dos mercados regionais
“Acreditamos no aumento do consumo e no crescimento dos mercados regionais. Quando comecei a trabalhar com mídia, o Nordeste era o patinho feito e hoje é o segundo maior mercado de consumo do Brasil. Os mercados regionais cresceram muito com o desenvolvimento da economia, assim como o consumo e a mídia nestes locais. É um desafio para o profissional de mídia explorar estes mercados. Os clientes vão exigir cada vez mais informações destas cidades. O grande mercado irá se descolar das grandes capitais para os interiores. Quando comecei na Thompson o eixo Rio/São Paulo representava 50% do consumo, hoje chega a 20% e daqui a pouco será de 10%. Agências, veículos e anunciantes tem que se preparar para esta oportunidade fantástica. O futuro está na nossa frente: somos o terceiro maior mercado de TV aberta, a massa salarial está crescendo, a comunicação regional terá um importância crescente. Os anunciantes ainda relutam em criar peças para regiões, mas acredito que no futuro, com as pesquisas, valerá a pena ter um conceito nacional, mas uma regionalização para levar seu produto mais perto deste consumidor. Haverá um grande investimento em produção.â€

Defesa do modelo
“Grandes grupos estão ampliando a atuação no país, como WPP e Interpublic. Há alguns anos, as 18 maiores agências eram nacionais, hoje são internacionais. Tanto agências, quanto anunciantes de fora, querem implantar seus modelos. Temos que tomar cuidado para não aparecer o que não queremos, os alienígenas. Haverá cada vez mais uma tendência das agências e anunciantes virem com conteúdos internacionais para conquistar nosso mercado. Temos que estar atentos, com as entidades fortes para defender a nossa regulamentação. Se isto nos interessar e acho que interessa.â€

O mídia
“Ser mídia no Brasil é uma grande oportunidade de trabalhar e contribuir. Nosso modelo é extremamente rico e eficaz. Neste mundo multiplataforma, o profissional de mídia tem uma importância crescente e a presença dele nos departamentos de marketing e nos veículos será cada vez maior.â€

Globo na rede 
“Há mais ou menos três anos a Globo mudou a sua estratégia na internet. Temos a Globo.com, mas a produção de conteúdo está na Globosat, na Editora Globo etc. Ela é descentralizada. Temos aprendido com as redes sociais. Haverá uma integração cada vez maior das várias plataformas. A novela “Cheias de Charmeâ€, por exemplo, teve mais de 14 milhões de visitas no site por conta da música das Empreguetes.â€Â 

Com as próprias pernas
“Respeitamos muito os grandes portais, mas entendemos que é melhor andarmos com as nossas próprias pernas. Hoje a Rede Globo está na internet com G1, etc. Vamos adicionar música e educação e temos um acordo com nossas afiliadas. Como a internet vai crescer muito, que o Frias não me ouça, mas estamos há três milhões de usuários do UOL e a nossa previsão é sermos o maior portal de conteúdo nacional, regional e local, com grandes possibilidades de comercialização, com um hiperlocalismo.â€

Globo on demand
“Estamos em fase de teste com o TV Globo Mais em um estado. Ele traz nossas novelas, telejornais etc, transmitidos com uma defasagem de horário de duas horas ou um pouco mais. O teste está indo bem e a nossa ideia é lançar no ano que vem esta Globo on demand.â€

Lei 12485
“Vai movimentar o setor da produção audiovisual, sem dúvida. Não é uma crítica à Ancine, mas será difícil ter um conteúdo de qualidade com uma quantidade de horas como esta que está na lei. Eu seria mais cauteloso, mas será bom para o mercado. A TV paga está crescendo na classe C e terão que investir em conteúdo nacional para este público. Só que um capítulo de novela custa em média R$ 800 mil, enquanto um programa de meia hora na TV paga sai por R$ 40 mil. Com esta verba não dá para ter muito mais que talk show. Mas com um maior número de assinantes, pode ser ela aumente.â€

Planos de incentivo com a nova gestão
“Há muitos anos temos o plano de incentivo que tinha outro nome, chamava-se BV. Temos nossas regras, como outras emissoras. Ele é fundamental para o aporte de recursos em agências, para que aproveitem melhor seus talentos e tenham tecnologia para prestar um melhor serviço ao anunciante. Não fazemos porque somos bacanas, mas porque interessa: quanto mais forte as agências forem, melhor para a gente. Ele interessa a agências, veículos e anunciantes. É uma forma de prestar um melhor serviço para eles. O Schroeder está há quase 30 anos na Globo, é generoso, tem capacidade de gestão. O Willy Haas terá um novo contexto, com uma importância crescente e, quando o Schroeder tirar férias, se conseguir, ele será seu substituto natural. O modelo será mantido e acho até que só vai melhorar.â€

O segredo da Globo 
“A Globo é uma rede com 25 áreas e 20 mil profissionais, fora as afiliadas. As redes de TV são parecidas e o que difere é a capacidade de seus talentos, a motivação e a paixão que as pessoas têm pelo que fazem. Por que a Globo tem maior audiência do mundo ocidental? Criamos um ambiente favorável para as pessoas exercerem seus talentos em todas as áreas, atuando com paixão. Tem que acreditar nas pessoas, elas é que fazem a diferença nas redes de televisão, assim como nas agências.â€

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